Nas Tuas mãos, minhas vontades

Postado por Unknown , quinta-feira, 20 de maio de 2010 23:23

(Texto inspirado em Mateus 6.10)

Quando prosseguimos na aventura de colocar nosso futuro nas mãos de Deus, passada a fase da ansiedade, surgem os questionamentos acerca da vontade de Deus.

Um dos maiores dilemas da vida cristã é aquele que diz respeito à vontade pessoal versus vontade de Deus. Todo cristão já se deparou com alguma situação onde precisou se perguntar: “será esta a vontade de Deus pra minha vida?”

O pastor Ed René Kivitz (fonte sobre a qual me debrucei para compor esse texto), fazendo uma análise dos aconselhamentos que fez em seus mais de 20 anos de ministério à frente da Igreja Batista de Água Branca, diz que 90% das pessoas que ali chegam querem na verdade de Deus pras suas vidas. “Todos gostaríamos que alguém decidisse por nós o que é a vontade de Deus para nós”, diz ele.

O texto de Mateus 6.10 faz parte da oração sacerdotal de Jesus, onde ele não apenas nos ensinou a orar, mas transmitiu aos seus discípulos toda a sua visão de mundo, toda a sua Teologia.

O que devemos, então, nos questionar é: o que Jesus pretende nos ensinar acerca da vontade de Deus quando a menciona em sua oração?

Primeiro, precisamos entender de que vontade Jesus está falando. Para os teólogos existem três vontades que podemos definir como vontades de Deus.

Vontade Soberana: Aquela que se realiza independente da minha ou da sua vontade. São situações que não deixam margem para escolhas humanas. A título de exemplo, poderia citar situações da vida dos profetas Jonas e Jeremias, ou mesmo do próprio Jesus.

Vontade Moral: Essa diz respeito às orientações morais de Deus. É a forma como Deus gostaria que agíssemos: não matarás, não mentirás, não cobiçarás etc. Nesses casos, não há necessidade de orar para descobrir o que fazer, essa vontade já está muito claramente exposta na Bíblia. O conflito aqui não é por não saber, mas por não querer (ou não ter forças suficientes para) fazer.

Vontade Específica: Essa é aquela que cantamos, de que “Deus tem um plano pra cada criatura”. O que quero deixar claro aqui é que essa terceira definição teológica da vontade de Deus simplesmente não existe. Vontade específica de Deus não existe!

Quem pensa contrário a isso, tem então que acreditar em destino, horóscopo etc, jogar no lixo a ideia de livre arbítrio e viver somente para realizar o que já foi predito. Não existe, por exemplo, um emprego que Deus tenha preparado para você. Ou uma pessoa específica com quem você deva casar. Não se ora a Deus pedindo que Ele revele essas coisas.

Busca-se a Deus para adquirir sabedoria, discernimento para, ao observar as opções, decidir por aquela que mais combine com sua personalidade, sem deixar de observar, contudo, se ela se encaixa dentro da vontade moral de Deus.

Para Kivitz, Deus cuida dos seus como um rei, um pastor e um pai: O rei estabelece o padrão moral e deixa que seus súditos tenham seus estilos de vida; o pastor estabelece os limites no horizonte onde suas ovelhas podem transitar e deixa que elas pastem a vontade; o pai pode até aconselhar, mais quem decide mesmo é o filho.

Temos assim liberdade de escolha, mas isso é bem mais difícil. O que a gente quer é que alguém nos diga “faça isso”, porque na hora em que der errado, a culpa é de quem nos falou pra fazer, mesmo que esse alguém seja Deus.

Por isso, Jesus não está pedindo pela vontade soberana de Deus – esta já se realizará. Ele também não está falando de vontade específica – isto seria como transformar todas as pessoas em robôs programados para obedecer. O que Ele está a pedir é que Deus implante entre nós o Seu Reino, onde todos são livres, mas estão sujeitos à Sua soberania, onde cada um escreva sua história mas que o faça sem ferir o caráter de Deus.

Cristo ora para que a sujeição do coração do homem seja voluntária. Seja qual for a história de alguém, que haja a escolha de adequar o seu coração, a sua vontade, dentro dos horizontes que agradem a Deus.

Concluindo, a vontade de Deus é a expressão do caráter de Deus. Quando compreendemos Sua proposta de Reino, onde todas as coisas são feitas de uma forma que Lhe agrade, somos impulsionados a adequar nosso coração à Sua vontade. Isto é, ao Seu padrão de vida, às Suas orientações morais.

O papel de Deus não é predestinar o nosso caminho, ele não decide qual será o nosso próximo passo, Ele nos concede liberdade para decidirmos o quê fazer, mas esclarece-nos, pela Sua Palavra, como devemos fazer. Quanto mais adequamos nosso coração ao coração de Deus, mais do caráter de Deus estará se formando em nós e menos dilemas morais enfrentaremos.

Continue escrevendo sua história, mas seja responsável, ore para adequar o seu coração ao de Deus. Só assim você sentirá o descanso de caminhar nos “pastos verdejantes” do Pastor Amado.

Leia também:
Nas Tuas mãos, minhas ansiedades

2 Response to "Nas Tuas mãos, minhas vontades"

DANILO GOMES Says:

Vc está um ótimo discípulo de Kivitz rsrsrs.
Brincadeiras à parte, muito boa reflexão. Quando crescer vou ser igual a vc.

Abraço.

Unknown Says:

Dizem que citando a fonte não é plágio. he he he

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