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WALL•E – A Liberdade de Viver

Postado por Unknown , quinta-feira, 23 de setembro de 2010 00:36

“Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36)


Quando eu tinha dez anos, e ainda podia me dar ao luxo de passar tardes inteiras simplesmente lendo quadrinhos, adorava me deparar com as histórias sem palavras. Sempre achei essas narrativas visuais uma excelente oportunidade de exercitar ainda mais a imaginação. Adorava a ideia de ter que redobrar a atenção para perceber os detalhes – porque, nessas histórias, são eles que mandam.

Dito isso, pode-se ter uma ideia do quanto me empolguei quando descobri que os realizadores de WALL•E, corajosamente, optaram por contar essa belíssima história com tão poucas palavras. O “silêncio” dos personagens desse filme nos faz atentar para a poesia visual que transborda de cada cena.

Como se isso não bastasse, cada vez que revejo esse longa, fico mais impressionado com a forma que o diretor e roteirista Andrew Stanton escolheu para fazer do pequeno robô, cujo nome intitula sua obra, o personagem mais humano da história do cinema (ok, eu assumo que exagero um pouco quando gosto muito das coisas). Paradoxalmente, um robô – cuja natureza e propósito consiste em seguir uma programação – passa a experimentar o prazer de abandonar sua rotina para descobrir o novo.

Viver é estar disposto a sair das rotinas para experimentar o novo.

Curiosamente, WALL•E é o único ser “vivo” dessa história. E é justamente ao abandonar sua zona de conforto que o personagem descobre, com grande espanto, que os seres humanos permitiram que a comodidade da rotina usurpa-se-lhes o único elemento que os faz seres vivos: a liberdade de escolher seus caminhos – aquilo que teologicamente chamamos de Livre Arbítrio.

O pequeno robô, encarnando o perfil do herói mítico na simplicidade frágil de seus atos, passa a resgatar a humanidade perdida dentro da espaçonave “AXIOMA”, deixando muito bem claro que temos em nossas mãos o poder para mudar nossa realidade. O personagem emana um tipo de vida tão “contagiosa” que, rapidamente, desfaz as rotinas daqueles que lhe cruzam o caminho.

Mesmo não sendo partidário da ideia de uma “queda para cima”, não posso deixar de notar que é exatamente por cair de suas “cadeiras provedoras” que a humanidade passa a experimentar a beleza do real e a emoção do relacionamento interpessoal. É caindo que o ser humano passa a ser gente.

Abrir mão do conforto da rotina nos levará, certamente, a quedas e tropeços. Entretanto, se é caindo que se aprende a andar, cabe-nos a tarefa de convertermos as quedas em acertos.

Penso no “Deus que se fez carne, e habitou entre nós”, Jesus Cristo, que nos convida para a maravilhosa aventura de usufruir da Vida que dEle brota. Para tanto, precisamos descer (cairmos mesmo!) dos “pedestais” de falsa santidade que nos impedem de ser gente, assumindo os ônus e os bônus que a liberdade de escolher nos proporciona. O exemplo é o dEle mesmo, que “não teve por usurpação ser igual a Deus, mas despojou-se a si mesmo, (...) fazendo-se semelhante aos homens” (Filipenses 2.6-7).

Deus, em Cristo, fez-se humano. Nós humanos, loucamente, queremos nos fazer Deus.

É hora de despertar do delírio que nos foi imposto como rotina. Precisamos, o quanto antes, romper os grilhões que nos aprisionam à rotina de sermos todos iguais. Desfazer a ilusão de viver num mundo ideal e passarmos a viver num mundo real, onde nossas escolhas podem fazer a diferença. Reconstruirmos uma Terra onde todos possam ser diferentes, mas que, nas suas diferenças, se completem.

Qualquer que experimente desta verdadeira vida jamais olhará céus e terra sem enxergar Novos Céus e Nova Terra. Você tem a coragem de fazê-lo?

OLIVER TWIST - O poder de se tornar filho

Postado por Unknown , quarta-feira, 26 de maio de 2010 23:00

“Mas, a todos que o receberam, deu-lhes o poder serem feitos filhos de Deus...” (João 1.12)


No meio cinematográfico, uma prática que já se tornou corriqueira é a adaptação. Não raro, uma obra literária, ou um espetáculo de teatro, desperta a criatividade de um cineasta, que se sente compelido a “trazer à vida” personagens que povoam o imaginário de centenas de leitores. É o caso desse nosso Oliver Twist, clássico do escritor britânico Charles Dickens.

No interior da Inglaterra do século XIX, sob os maus tratos de uma duvidosa instituição de “apoio” a menores abandonados, vive o pequeno Oliver. Como todo órfão, o garoto nutre a esperança de encontrar uma família que o receba e acolha. Sem sucesso, ele decide aventurar-se numa fuga, que quase lhe custa a vida, para tentar a sorte na cidade grande – Londres. Frente à dura realidade de uma metrópole, Oliver revela-se um completo inocente que, diante da calorosa promessa de lar e comida, não percebe que está se envolvendo com o bando de vagabundos mirins liderado pelo ambicioso Sr. Fagin e seu comparsa Bill.

De fato, o bando cumpre sua promessa, mas cobra do protagonista um certo preço. Oliver é, então, instruído na “arte” – segundo o velho Fagin – de bater carteiras. Devidamente treinado, o garoto é lançado em sua primeira missão. Sem a experiência dos mais velhos, Oliver é surpreendido no ato do roubo, apanhado e levado ao tribunal (isso mesmo, as crianças recebiam o mesmo tratamento que um adulto!). No momento do julgamento, o bondoso Sr. Brownlow – de quem Oliver tentara roubar a carteira –, tomado de compaixão, decide retirar a queixa contra o garoto e levá-lo para sua casa. Ali, pela primeira vez na vida, o pequeno órfão tem contato com o conforto de um lar, recebendo do Sr. Brownlow carinho, cuidado e confiança.

Quando olhamos para essa história, inevitavelmente trazemos à memória a condição espiritual da humanidade. Poderíamos dizer que o pequeno Oliver é uma representação do homem no seu estado mais puro. Assim como ele ansiava por uma família, o ser humano tem “sede de Deus”. É fato: nunca se registrou, na história da humanidade, civilização alguma que fosse desprovida de crenças religiosas. Como explicar essa necessidade de estar apegado a um ser superior? O salmista, compreendendo esta realidade, afirma: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl. 42.2a).

Sim... todos nós, como o pequeno Oliver, estamos à procura de um “Pai”. E, nessa busca, temos atravessado a existência criando deuses, que muito nos exigem e pouco nos oferecem, e religiões, que até nos confortam, mas que nos aprisionam em seus dogmas e legalismos. Assim, cada um segue pelo seu próprio caminho, agindo como acredita ser correto, sem perceber que tem andado tão perdido quanto uma ovelha desgarrada (Is. 53.6). Em todo esse tempo roubamos do único Deus Vivo a glória devida ao Seu nome, e, por direito, merecíamos o castigo nos era imposto pela Lei Divina.

Entretanto, o Deus Vivo age em nosso favor para modificar essa história. “Habitarei no meio deles e viverei com eles: serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (2Co 6.16c). Sem se importar com nossos descaminhos, Ele derrama em nossas vidas sua compaixão sem fim, anulando toda dívida que sobre nós recaía, como fez o Sr. Brownlow. Pelo Seu amor, manifesto na pessoa de Jesus Cristo, Ele nos concede muito mais do que merecemos, exigindo em troca apenas um coração sincero que lhe retribua amor e honra. Findou-se a nossa busca. É Ele o “Pai” que tanto procurávamos, e de Suas mãos recebemos o poder de nos tornarmos filhos Seus.

Ao contemplarmos essa realidade, cientes de todas as falhas que cobrem o nosso passado e da imensidão do perdão que agora superabunda nossas vidas, outra vontade não temos senão exclamarmos como o Apóstolo Paulo: “O amor de Cristo nos constrange” (2Co 5.20).

A VILA - Um lugar sem dor

Postado por Unknown , segunda-feira, 10 de maio de 2010 16:55

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor.” (Ap. 21.4)
Quando idealizei esta série de vídeo reflexões, muito empolgado com a ideia, tentei listar mentalmente alguns filmes que poderiam servir de “solo fértil” para meus textos. Não foram necessários muitos milionésimos de segundos para que A Vila (de M. Night Shyamalan, 2004) estivesse no topo da lista. Por certo, o fato de ser esse um dos meus filmes prediletos influenciou a escolha. Contudo, mais do que isso, pesou sobre a decisão o fato d’A Vila ser um daqueles filmes que, ao final, faz a mente do espectador mais atento fervilhar de ideias.

Assim, não acreditando que esse texto seja capaz de esgotar todas as possibilidades reflexivas que o filme oferece, focarei apenas um dos muitos aspectos que me chamam atenção na película.

Antes de prosseguir, devo advertir que, em todos os textos que escreverei, partirei do pressuposto de que todos JÁ ASSISTIRAM ao filme. Se este não for o seu caso, recomendo que PARE DE LER AGORA, ASSISTA O FILME e, só então, RETOME A LEITURA.

Passemos então ao filme. No início da história somos apresentados a uma simpática e bucólica vila do século XIX. Apesar do ambiente de paz reinante, a presença de assustadoras criaturas habitando a floresta vizinha à vila assombra os moradores desta. Um acordo, firmado há muitos anos, entre as criaturas e os moradores mais antigos (chamados de Anciões) é a garantia de uma convivência sem ataques... desde que se respeitem algumas regras; dentre elas, os moradores da vila não podem, em hipótese alguma, ultrapassar os limites da floresta.

A trama, por si, seria mais que suficiente para qualquer filme de suspense. Contudo, o trunfo da fita é sua reviravolta final: a vila, as criaturas e, principalmente, as regras são os frutos enganosos de um acordo secreto dos Anciões. Estes, carregando em comum histórias onde a violência ceifou-lhes entes queridos e querendo “um mundo melhor” para seus descendentes, decidiram isolar-se do mundo atual num lugar onde a dor não mais pudesse alcançá-los. Para tanto, criaram a bucólica vila e, para manter suas crianças longe do perigoso mundo, inventaram os monstros e regras que os aprisionavam ao lugar.

Desnecessário é dizer que o sonho dos Anciões, de manter afastada a dor, não subsistiu por muito tempo. Logo nas primeiras cenas do filme, presenciamos a dor de um pai ao enterrar seu jovem filho acometido de uma doença fatal. A doença seria evitada se eles tivessem quebrado as próprias regras para, atravessando a floresta, encontrarem facilmente os medicamentos na cidade grande. Assim, todos experimentaram, também na vila, suas próprias dores.

O curioso é perceber como nós também somos impelidos a criar nossas próprias “vilas”. Estes “lugares imaginários” nos dão a falsa idéia de, por sermos cristãos, estarmos a salvo dos contratempos da vida. Acreditamos que todo tipo de dor permanecerá distante de nossas caminhadas. Esta perigosa distorção da realidade faz com que, de um modo geral, quando chega a dor, muitos revoltem-se e blasfemem contra o próprio Deus.

O convite de Cristo é que, em meio às muitas aflições do mundo em que vivemos, sejamos capazes de experimentar “...a paz de Deus, que excede todo entendimento...” (Fp. 4.7), uma paz que não está condicionada às circunstâncias desta vida... uma paz que nasce da certeza de que ele venceu o mundo (Jo. 16.33), e que nos “...enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem luto, nem dor...” (Ap. 21.4), porque habitaremos para sempre com Ele... e com certeza não será numa vila.