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O Desafio de Uma Espiritualidade Trinitária (Parte 2)

Postado por Unknown , segunda-feira, 28 de novembro de 2011 23:21

Bom... demorou bem mais que uma semana, mas aqui está a segunda parte do artigo.
Boa leitura!

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No último texto, demonstramos as possíveis inclinações de uma igreja a partir da observação dos reflexos de sua prática espiritual focada, quase sempre, numa só pessoa da Trindade. Seja ela qual for (Pai, Filho ou Espírito), a igreja que age dessa maneira, pendendo apenas para um lado, está diante de um perigoso abismo: dividir o Indivisível.

Creio que quaisquer dessas igrejas, se questionadas, reafirmarão sua crença na Trindade. Acredito mesmo que cada uma delas jamais negue essa certeza, mas aquilo que funciona na teoria, deve também funcionar na prática, sob a pena de nos tornarmos tão hereges quanto os seguidores de Ário. Isso é tão importante porque o que está em jogo é a unidade.

Cristo, ao interceder em favor dos seus seguidores, roga “para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós...” (João 17.21). Citando mais uma vez o pastor e escritor Ricardo Barbosa, “A partir da Trindade descobrimos que a comunhão e a amizade com Deus e o próximo não é mais uma opção num mundo cada vez mais individualista e autônomo. A comunhão e a amizade são a razão de ser do próprio homem. Deus é comunhão e foi assim que nos criou (O Caminho do Coração, p.65, grifo nosso).

Esta compreensão trinitária dá sentido e significado ao ser pessoa, pois demonstra que a vocação cristã é essencialmente relacional. Assim, a missão cristã é, antes de tudo, um convite a esta vida comunitária e a Igreja é o sinal visível da presença trinitária de Deus na história, o que redundará num culto cristão também caracterizado por sua natureza trinitária onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo são adorados e glorificados como único e indivisível Deus. São estes os desafios que nos aponta Ricardo Barbosa em seu já citado livro (p. 67-78).

Assim, irmãos, estas verdades nos impulsionam a construir uma Igreja que se defina sempre através de um relacionamento de comunhão e amizade onde nossas ações sejam reflexo do amor do Deus Triúno.

O Desafio de Uma Espiritualidade Trinitária (Parte 1)

Postado por Unknown , sexta-feira, 21 de outubro de 2011 12:44


A trindade é uma das doutrinas mais antigas da religião cristã. Embora não haja nas escrituras um texto que, explicitamente, se refira a esta doutrina, a ideia de um só Deus que se apresenta em três pessoas que, embora distintas entre si, são plenamente divinas e unas, está presente e perpassa todos os textos da Escritura Sagrada.

Entretanto, não são poucas as controvérsias a respeito do tema. Seja na antiguidade, com os seguidores de Ário contrapondo-se aos ensinos de Atanásio, ou na contemporaneidade, com os seguidores de Charles Russel contrapondo-se à todas as vertentes do cristianismo.

Talvez por isso, a igreja tenha uma dificuldade de vivenciar este tão importante conceito em sua vida prática.

O pastor e escritor Ricardo Barbosa aponta para os reflexos possíveis desse comportamento na espiritualidade das igrejas. Comumente observamos a existência de igrejas que demonstram um exacerbado legalismo, porque se pautam exclusivamente no Deus-pai. Outras se mostram demasiadamente carismáticas, porque dão maior evidência às ações do Deus-Espírito. Por fim, há também aquelas que, plenamente centradas no Deus-Filho, tornam-se humanizadas.

Aí estão três perigos extremamente danosos à vida da Igreja que não se atenta para a importância da Trindade como modelo de espiritualidade. Eis um desafio para nossa geração: como podermos refletir a Trindade em nossa prática? Sobre isso, falaremos na próxima semana.

Equinócio Pastoral

Postado por Unknown , sexta-feira, 23 de setembro de 2011 08:10

A data da minha ordenação pastoral coincidiu com a chegada da primavera no hemisfério sul. Como se sabe, a primavera é a estação do ano marcada pelo equinócio de setembro, ocasião em que o dia e a noite têm a mesma duração. A partir de então, os dias, gradualmente, vão se tornando mais longos que a noite, até a chegada do verão. Não é de admirar que a chegada dessa estação, desde há muito, esteja ligada à renovação das esperanças! E esperança é sentimento que não chega atrasado em ordenação pastoral.

Naturalmente, o novel pastor é alvo dos mais sinceros desejos de que tudo se vá bem na caminhada que ora se inicia. Por isso mesmo, durante esses dias, tenho recebido as manifestações carinhosas dos parentes e amigos. A sinceridade e a generosidade que acompanham cada gesto têm me emocionado bastante, o que me faz exultar da mais pura e verdadeira alegria. Dessa esperança boa, confesso, não quero jamais saciar-me.

Entretanto, contrariando toda essa boa dádiva, há um tipo de projeção que paira o ar dos ambientes religiosos e que é fruto de uma histórica distorção dos princípios bíblicos. Falo daquela impressão que se tem de que o pastor se transforma, como que num passe de mágica, num ser acima do bem e do mal que goza de plenos poderes espirituais e que, por isso mesmo, está imune às dificuldades inerentes aos reles mortais que compõem o resto da humanidade. Exagero meu? Talvez. Mas pra muitos é assim mesmo que funciona. Botou um paletó, virou homem de aço.

Só quero lembrar que até o Superman tem seu dia de kryptonita. E que nenhum pastor é Super.


Eu poderia usar este espaço para listar tudo que eu espero ser como pastor, ou mesmo tudo que eu NÃO espero. Mas isso se transformaria num texto longo e entediante... e convenhamos, o tédio não combina comigo. Por isso, quero apenas registrar um desafio. Posso até mudar de opinião lá pra frente, mas nesse momento eu penso que será o maior dos desafios que enfrentarei no ministério: conciliar a função pastoral e a minha humanidade.

Eu sei, não vai ser fácil. Mas o que posso fazer, por hora, é aproveitar a coincidência da chegada da primavera para praticar aqueles que podem ser os mandamentos mais negligenciados do Cristo (pelo menos em nossa geração): “Olhai para as aves do céu... Olhai para os lírios do campo...” (Mt 6.26,28). O que me conforta é saber que posso desfrutar da companhia do Deus que se revela nas coisas simples. Se das aves e flores Ele tem cuidado tão bem, em suas mãos entrego a minha caminhada.

E vou assim, de primavera a primavera, “caminhando e cantando e seguindo a canção; aprendendo e ensinando uma nova lição”.

Em Cristo, que em sua infinita sabedoria se fez humano,
Vitor Sousa.

Salgado demais, pro meu gosto!

Postado por Unknown , sexta-feira, 9 de setembro de 2011 09:41

Ali no comecinho do Sermão do Monte, Jesus revelou aos seus discípulos algo muito importante sobre a maneira como deveriam atuar no mundo. Usando as simbologias que lhe eram características, Jesus lhes disse: “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mateus 5.13).


Quando olho para a realidade do Evangelho em nossos dias, fico pensando o quão distante nós estamos do cenário proposto por Jesus. Não que ache que nossos irmãos “perderam o sabor e já não sirvam para nada”. O problema é que parece que nós exageramos na dose. Aliás, “exageramos” é apelido! Eu acho é que os crentes pensaram que Jesus disse: “Vocês são o sal da terra. A partir de agora, saiam por aí e troquem toda a comida que há no mundo por sal! Sal, sal, sal... muito sal!”

De repente, o almoço que deveria alimentar a muitos, ficou salgado demais, pro meu gosto! A boa notícia é que a gente ainda tem a chance de começar novamente.

O que Jesus queria dizer pra gente era bem simples: as coisas no mundo estão meio sem sabor, meio sem graça... vocês, então, vão se misturando aí. Sabe quando vamos saber que está bom? Quando ninguém perceber que estamos por aí, mas ainda assim comentarem: “eu não sei o que é, mas esse negócio tá gostoso”! É que, na culinária de Jesus, o sal não ganha elogio. O que ganha elogio é a comida.

Bon appétit!

Eu Acredito na Igreja

Postado por Unknown , sexta-feira, 12 de agosto de 2011 08:46

“...edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18)
Ligar a TV ou abrir o jornal em busca de notícias tem se constituído numa tarefa verdadeiramente excruciante, nos últimos dias. Em meio à onda de violência que, dia-a-dia, nos encobre e sufoca, uma pergunta sempre emerge em minhas reflexões: onde está a igreja?

Meu questionamento, claro, não diz respeito à presença física da Igreja em meio à sociedade.  Os 35 milhões de evangélicos brasileiros estão espalhados nos milhares de templos, em cada esquina das grandes e pequenas cidades.
Talvez, por isso mesmo, no turbilhão de imagens tão fortes propagadas pelos meios de comunicação, curiosamente, foram imagens de uma obra de ficção as maiores responsáveis pela intensificação desse meu questionamento. De certo, choquei-me por demais ao ver, numa obra filmográfica que retrata a realidade com verossimilhança, um grupo de policiais corruptos executando um trabalhador na esquina duma Igreja. Uma Igreja que, diga-se, estava de portas fechadas.

Sim, as igrejas estão presentes até mesmo nas mais violentas comunidades. Mas de que vale uma Igreja de portas fechadas? Novamente, as portas fechadas, para mim, não dizem respeito apenas ao ato físico. De quantas formas uma Igreja pode fechar suas portas? Inclino-me a pensar que a mais perigosa delas seja quando, como representantes de Deus na terra, deixamos de dar atenção às necessidades urgentes e emergentes daqueles que nos cercam. “Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer”, nos garantiu Jesus (Mt 25.45).
Pode não parecer, mas eu acredito na Igreja. Não a igreja (com “i” minúsculo mesmo) auto-enclausurada em si mesma e preocupada apenas com as mais ínfimas questões, que dizem mais respeito à manutenção de sua institucionalização do que ao Reino de Deus. Eu acredito na Igreja que, de posse do Evangelho, não se sente acuada ante as investidas do maligno, pois sabe que “maior é aquele que está em (nós) do que aquele que está no mundo” (1Jo 4.4). Eu acredito na Igreja que, munida da certeza de que Cristo “virá como um Rei separar para sempre o mau do bom”, envida todos os seus esforços em denunciar as injustiças que a cercam.

Poderia me estender numa lista (quase) sem fim dos motivos que me levam a acreditar na Igreja. Mas um deles me parece adequado para finalizar este texto. Eu acredito na Igreja que, mesmo sabendo que não pertence ao mundo (Jo 17.16), ama-o, à semelhança do seu Deus, a ponto de entregar o melhor de si em favor dele (Jo 3.16). A Igreja na qual acredito, nunca fecha suas portas. Nenhuma delas.

Compromisso

Postado por Unknown , sexta-feira, 29 de outubro de 2010 15:26

Em meados dos anos 80, a dupla Cíntia e Silvia – compositoras cristãs que já encaravam a música como parte da sua missão de vida – foram desafiadas a implantarem um trabalho pioneiro numa perigosa favela da cidade onde moravam. A música “Compromisso” é fruto do daquele período e foi registrada no álbum “Canções de Liberdade”.

Cíntia e Silvia descrevem, com sublime maestria poética, uma dura realidade que, infelizmente, ainda está tão próxima de nós. Diante da inércia daqueles "que se chamam de cristãos", a dupla termina a música relembrando-nos um conceito bíblico: “Fazer justiça ao explorado e aflito agrada mais a Deus do que um simples ritual vazio”!

Boa reflexão para final de semana.

Roberto Diamanso, o Menestrel

Postado por Unknown , sábado, 26 de junho de 2010 10:11

Distante dos holofotes da música gospel vivem grandes artistas que optam por não se encaixarem nesse rótulo. Um deles, que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente no Rio de Janeiro, é Roberto Diamanso - cantador nordestino que soube muito bem converter sua cultura num instrumento que ampliasse a força da sua mensagem.

Diamanso é pai de 13 filhos (3 biológicos e 10 adotivos) e dirige, ao lado da esposa, a Associação Projeto Peregrino que atende crianças carentes e suas famílias, moradoras na região de Cabuçú, Guarulhos, oferecendo atividades de reforço escolar, apoio pedagógico, educação cristã, oficinas de artes, esportes e linguagens.

Aqui, compartilho a faixa que dá título ao primeiro álbum desse excelente músico: Menestrel.



(Para conhecer mais do trabalho de Roberto Diamanso, recomendo os especiais do programa Sons do Coração aqui e aqui.)

Consulta Nacional da FTL-B no Rio de Janeiro

Postado por Unknown , quarta-feira, 23 de junho de 2010 11:28

No início desse mês, mas precisamente no feriado de Corpus Christi, eu tive a grata oportunidade de visitar o Rio de Janeiro para participar da Consulta Teológica da Fraternidade Teológica Latino-Americana - setor Brasil (FTL-B).

O evento, que reuniu 300 participantes de 19 estados brasileiros representando diversas denominações evangélicas, se propôs a pensar os "caminhos, descaminhos e novos desafios para a Missão Integral no Brasil" e, ao meu ver, fez isso muito bem. O olhar para o passado, posso dizer, foi a tônica das principais falas. Contudo, não havia nostalgia nesse olhar e sim um desejo verdadeiro de avaliar esses caminhos em busca de novos desafios.

A Consulta foi verdadeiramente um encontro de gerações. Como ressalta o texto de Wilson Costa no site da Fraternidade, ali estavam "fundadores da FTL-B, gerações intermediárias e um grande número de jovens, representando a nova geração de pensadores" convivendo fraternalmente.

Não tenho como mensurar o quanto aprendi naquele lugar. Como me disse um professor antes da minha ida: "um evento assim é o equivalente a seis meses em sala de aula". Pude evidenciar isso na quinta-feira (03/06) onde, em menos de 12 horas, ouvi nada menos que 14 pessoas explanando seus olhares teológicos sobre as mais diversas situações do nosso País.

"O discurso convence, mas os gestos arrastam", ressaltou Odja Barros (vice-presidente da FTL-B) em sua fala. Acho mesmo que eu sou prova disso. Embora esteja completamente convencido sobre o que fazer, foram os testemunhos das atuações em Alagoas, Pernambuco, Paraná e São Paulo que me mostraram como fazer missão integral.

Enfim (eu demorei, reconheço), quero compartilhar algumas imagens desse evento.