A Brincadeira da Fé

Postado por Unknown , sábado, 25 de setembro de 2010 20:35


Eu já estava para descer do ônibus quando uma senhora (que conversava muito alto, diga-se) falou com a amiga ao seu lado:

- Minha sobrinha ganhou uma boneca linda! Você aperta, e ela reza o “Pai Nosso” todinho!

Nos poucos segundos que antecederam minha descida do ônibus, fiquei pensando no tanto de quinquilharia que é (e já foi) vendida com o “apoio” da fé. Não raro, são coisas de qualidade duvidosa – como o famigerado Refrigerante Jesus. Mas me parece que, quando o público alvo são as crianças, os produtores investem pesado no item bizarrice. Agora o time está completo (será?): os bonecos do Bibleman e Jesus ganharam a companhia dela, a boneca que reza o “Pai Nosso” todinho.

Meus pensamentos foram interrompidos pela resposta da amiga daquela senhora:

- Agora, vá ver o preço dessa boneca!

Nem de graça eu quero, minha senhora!

WALL•E – A Liberdade de Viver

Postado por Unknown , quinta-feira, 23 de setembro de 2010 00:36

“Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36)


Quando eu tinha dez anos, e ainda podia me dar ao luxo de passar tardes inteiras simplesmente lendo quadrinhos, adorava me deparar com as histórias sem palavras. Sempre achei essas narrativas visuais uma excelente oportunidade de exercitar ainda mais a imaginação. Adorava a ideia de ter que redobrar a atenção para perceber os detalhes – porque, nessas histórias, são eles que mandam.

Dito isso, pode-se ter uma ideia do quanto me empolguei quando descobri que os realizadores de WALL•E, corajosamente, optaram por contar essa belíssima história com tão poucas palavras. O “silêncio” dos personagens desse filme nos faz atentar para a poesia visual que transborda de cada cena.

Como se isso não bastasse, cada vez que revejo esse longa, fico mais impressionado com a forma que o diretor e roteirista Andrew Stanton escolheu para fazer do pequeno robô, cujo nome intitula sua obra, o personagem mais humano da história do cinema (ok, eu assumo que exagero um pouco quando gosto muito das coisas). Paradoxalmente, um robô – cuja natureza e propósito consiste em seguir uma programação – passa a experimentar o prazer de abandonar sua rotina para descobrir o novo.

Viver é estar disposto a sair das rotinas para experimentar o novo.

Curiosamente, WALL•E é o único ser “vivo” dessa história. E é justamente ao abandonar sua zona de conforto que o personagem descobre, com grande espanto, que os seres humanos permitiram que a comodidade da rotina usurpa-se-lhes o único elemento que os faz seres vivos: a liberdade de escolher seus caminhos – aquilo que teologicamente chamamos de Livre Arbítrio.

O pequeno robô, encarnando o perfil do herói mítico na simplicidade frágil de seus atos, passa a resgatar a humanidade perdida dentro da espaçonave “AXIOMA”, deixando muito bem claro que temos em nossas mãos o poder para mudar nossa realidade. O personagem emana um tipo de vida tão “contagiosa” que, rapidamente, desfaz as rotinas daqueles que lhe cruzam o caminho.

Mesmo não sendo partidário da ideia de uma “queda para cima”, não posso deixar de notar que é exatamente por cair de suas “cadeiras provedoras” que a humanidade passa a experimentar a beleza do real e a emoção do relacionamento interpessoal. É caindo que o ser humano passa a ser gente.

Abrir mão do conforto da rotina nos levará, certamente, a quedas e tropeços. Entretanto, se é caindo que se aprende a andar, cabe-nos a tarefa de convertermos as quedas em acertos.

Penso no “Deus que se fez carne, e habitou entre nós”, Jesus Cristo, que nos convida para a maravilhosa aventura de usufruir da Vida que dEle brota. Para tanto, precisamos descer (cairmos mesmo!) dos “pedestais” de falsa santidade que nos impedem de ser gente, assumindo os ônus e os bônus que a liberdade de escolher nos proporciona. O exemplo é o dEle mesmo, que “não teve por usurpação ser igual a Deus, mas despojou-se a si mesmo, (...) fazendo-se semelhante aos homens” (Filipenses 2.6-7).

Deus, em Cristo, fez-se humano. Nós humanos, loucamente, queremos nos fazer Deus.

É hora de despertar do delírio que nos foi imposto como rotina. Precisamos, o quanto antes, romper os grilhões que nos aprisionam à rotina de sermos todos iguais. Desfazer a ilusão de viver num mundo ideal e passarmos a viver num mundo real, onde nossas escolhas podem fazer a diferença. Reconstruirmos uma Terra onde todos possam ser diferentes, mas que, nas suas diferenças, se completem.

Qualquer que experimente desta verdadeira vida jamais olhará céus e terra sem enxergar Novos Céus e Nova Terra. Você tem a coragem de fazê-lo?

Este blog não morreu...

Postado por Unknown , segunda-feira, 30 de agosto de 2010 14:45

A única função deste micro-post é dizer o que o título já disse.
É a mais pura verdade: este blog não morreu.
Quem morreu fui eu!
Quer dizer... na verdade, estou terminando de escrever meu Trabalho de Conclusão de Curso. Na prática, é como ter morrido para algumas coisas.

É isso.

Uma homenagem para o meu pai

Postado por Unknown , segunda-feira, 9 de agosto de 2010 17:53

Ontem resolvi transformar num pequeno conto uma das minhas memórias de infância.

Às vezes, fico pensando sobre o que me teria influenciado a gostar de escrever. Minha lembrança mais antiga acerca desse assunto é o episódio que segue abaixo. Já fazia tempo que eu queria registrar essa lembrança, então aproveitei a ocasião ontem.

Fica a minha homenagem e agradecimento ao meu pai.

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A Cartinha
por Vitor Sousa

Todas as manhãs, o menino ligava a TV e assistia a seu programa favorito. O bacana mesmo era ver os desenhos animados, mas, entre uma animação e outra, a moça da TV fazia brincadeiras com a meninada da plateia, fazia propaganda dos brinquedos, convidava um artista mirim para cantar e sorteava cartas.

A moça assentava-se sobre centenas (talvez milhares) de cartas espalhadas no chão de sua nave espacial multicolorida, ajuntava um pequeno monte e lançava ao ar, agarrando a correspondência do felizardo do dia. O conteúdo das cartas parecia sempre o mesmo: um beijo para a moça, um breve comentário dos desenhos que mais gostava e um pedido de brinquedo. Os pedidos encantavam o menino porque eram sempre atendidos.

De repente, uma ideia ocorreu-lhe. Aquele brinquedo caro que passou no comercial, por que não arriscar a sorte e escrever, ele mesmo, uma cartinha para a moça fazendo seu pedido. Como não tinha pensado nisso antes? Lembrara, meio frustrado, ainda não sabia escrever direitinho.

A ideia já quase morria dentro de si, quando pensou: “vou pedir ajuda a meu pai!”.

O pai surpreendeu-se quando o menino saiu do quarto com uma folha e um lápis na mão. “Meu pai, o senhor me ajuda a escrever uma cartinha pra moça da TV?”, questionou assentando-se à mesa, empolgado.

- Que legal, filho! Você trouxe também a borracha?

- Não precisa... só tem que escrever um pouquinho.

- Mesmo assim, é bom pegar a borracha. – Diante do pedido, o menino obedeceu. Pegou a borracha, entregou ao pai e tomou novamente seu lugar e, ansioso, passou a escrever a sua cartinha.

“Mossa da televisaum...”, começou ele. “Olha só, filho...”, interrompeu o pai já no comecinho, “viu como é bom trazer a borracha... não é assim que se escreve ‘moça’... é com cê-cedilha. Apaga aí e escreve direitinho. ‘Televisão’, também não é assim... o final é com a, o e til. Apaga aí também”.

Por essa o menino não esperava. O pai aproveitou-se do seu pedido para lhe dar aulas de português. Assim era golpe baixo! O menino ainda tentou passou o comando do lápis para o pai, mas já era tarde. “Não, meu filho... escreva você mesmo. Tá ficando muito bom”.

Hoje o menino nem lembra mais de tudo que escreveu. Mas tem plena certeza de que caiu em todas as armadilhas da “última flor do Lácio” antes de terminar sua cartinha. Ele ainda lembra que assistia a todos os programas da moça da TV torcendo para que sua cartinha fosse sorteada. Em certo momento chegou a duvidar se a correspondência realmente foi enviada para o programa. Mas, coincidência ou não, o pai acabou comprando-lhe o brinquedo que queria.

O menino, hoje vivendo na cabeça de um homem já crescido, fica pensando sobre tudo que aprendeu naquele dia.

Primeiro o pai lhe ensinou que os erros fazem parte da caminhada humana, mas a gente precisa mesmo é ter a coragem de carregar a borracha para apagar o que não saiu direitinho. No final das contas, a vida é mesmo tabula rasa onde a gente vai escrevendo nossas histórias. O bacana mesmo é aprender com os próprios erros. “Errar é humano”, repetia sempre o pai, “repetir o erro é que é burrice”, completava.

Depois mostrou ao menino que, pra quem quer “roçar a língua na Língua de Luís de Camões”, é preciso ter respeito – ainda que seja pra escrever uma cartinha. E não é que o menino tomou gosto pelo negócio.

Naquela época, o menino pensou que era um tremendo azarado por não ter visto sua carta sorteada pela moça da TV. Hoje ele sabe que foi sortudo demais, e agradece, por ter tido um pai que lhe ensinou a escrever aquela cartinha.

Talvez, se a história tivesse sido diferente, hoje o menino não entregaria essa cartinha nas mãos do pai.

Coisas que só nerds entendem...

Postado por Unknown , quarta-feira, 28 de julho de 2010 09:36



Vi aqui.

Chato demais...

Postado por Unknown , sábado, 24 de julho de 2010 14:30

Guardei essa tirinha para postar quando não tivesse o que (ou ficasse sem tempo) de postar.

Passei a semana inteira tendo o que postar, mas sem tempo de fazer nada.
Hoje que eu tenho tempo, não tenho o que postar. Eis a tirinha (clique para ampliar):


Vi (há muito tempo) no Vida Besta.

Legalizado

Postado por Unknown , quinta-feira, 15 de julho de 2010 08:18


Vi aqui.